Africa Basquetebol

28 dezembro 2007

ANGOLA : Benfica do Lubango e ahistória do basquetebol na região

Corriam os anos da década de 1960. Já nessa altura a cidade do Lubango ins-crevia o seu nome na história do basquetebol ultramarino, metropolitano e também mundial. Isto a-través do Benfica do Lubango, um clube que desde a primeira hora pautou a sua visão no desenvolvimento da prática desportiva, com a movimentação de várias modalidades desportivas. O Basquetebol feminino teve primazia e inscreveu o seu nome com letras de ouro na história da modalidade ao nível do nosso País. O Jornal Desportos traz hoje, uma incursão investigativa sobre os factos reais que marcaram uma história que presta a se apagar no tempo, com o passar dos dias e anos. Afinal, não é de hoje que a Huíla demonstra o seu protagonismo para com esta modalidade, que acaba de dar o nono título continental ao País, isto na classe de seniores masculinos, após a realização exitosa do Afrobasket – 2007, em várias províncias de Angola.

Morais Canâmua No Lubango



Com o espírito de revirar das cinzas toda verdade histórica, com factos reais, batemos a porta de uma das mais credenciadas colectividades cá do sítio, o Benfica do Lubango. Fundado a 27 de Fevereiro de 1932, como a décima sexta filial do Sport Lisboa e Benfica (Ilustre clube português, na altura com a designação de Sport Lisboa e Lubango. No dia 25 de Agosto de 1950, passou a denominar-se Sport Lubango e Benfica, sendo a partir dessa altura a trigésima sexta filial do Sport Lisboa e Benfica.A grande preocupação da direcção do clube, dentre muitas outras, como é obvio, era a de dinamizar principalmente o basquetebol feminino, a julgar pela avalanche de jovens estudantes que privilegiavam a sua prática, tanto nas escolas quanto em outros recintos em que era possível fazer gosto à mão. Aliás, as condições já eram propícias naquela altura. Nomes como os de Regina Peyroteo, Maria da Conceição, Maria Paula, Ernestina de Freitas, Carla Maria, Maria Guiomar, Maria Elizabeth, entre outros, fizeram historia na modalidade, tendo chegado mesmo a vice - campeões europeias, disputando a final com o papão da época no velho continente na categoria, o Real Madrid de Espanha.Contudo, a caminhada começou bem antes. Foi no pretérito ano de 1956, com a consagração na Taça de Honra. A partir daí, o cortejo de sucessos foi enorme, tendo como destaque, em 1961,a conquista do Campeonato Nacional de Portugal (Ultramarino e Metrópole) e vários torneios internacionais. Em 1962, foi campeão distrital da Huíla, campeão de Angola e bi - campeão nacional de Portugal. A proeza foi repetida no ano seguinte, ou seja, em 1963.Voltando para o ano de 1961, o basquetebol feminino do Benfica do Lubango passeou classe um pouco por todo parte. As referências históricas, dão conta que neste mesmo ano, venceu o Torneio Internacional de Basquetebol Feminino na Beira (República de Moçambique), a Taça do Clube Ferroviário de Moçambique, o Torneio de Basquetebol Feminino de Lourenço Marques e o Torneio de Basquetebol de Inauguração do Pavilhão do Benfica do Huambo. Foi sem dúvida um ano para não esquecer.No ano seguinte, para além de acumular igualmente glórias, o Benfica do Lubango, no basquetebol feminino era de facto o papão em Angola, então colónia portuguesa e, como tal, província ultramarina, e não só. Depois de ter sido no ano em referencia, 1962, campeão distrital da Huíla, (na altura Sá da Bandeira), campeão da província de Angola, logrou alcançar o pleno, sagrando-se igualmente bi - campeão nacional de Portugal, repetindo a proeza, em 1963, sendo, por conseguinte, neste ano tri - campeã portuguesa de basquetebol feminino.

vice - campeã europeia em 1963

Com isso, ainda em 1963, “atrevidamente”, viria a sagrar-se vice - campeã europeia na modalidade. Jogou uma finalíssima em Praga, então República da Checoslováquia, diante do Real Madrid de Espanha. Nas preliminares, segundo rezam os dados históricos recolhidos nalguns jornais da época, o Benfica do Lubango defrontou primeiramente, em Lisboa, o CREFFE (Colé-gios Reunidos de Educação Física Feminina de Espa-nha), tendo vencido por 55-38 e perdido em Madrid por 36 -43, isto a contar para a Taça dos Clubes Cam-peões Europeus. Houve uma finalíssima em Praga, diante do então todo - poderoso Real Madrid de Espanha.

Jornais não poupavam elogios

Os jornais da época não poderiam falar de outra coisa. As angolanas era lideradas por Regina Peyroteo, aliás, filha de um “ícone” e verdadeiro percursor do futebol angolano na época, Fernando Peyroteo. Regina viria então, em 1965, a transformar-se na primeira treinadora do basquetebol feminino angolano.O Jornal “O Comércio” editado em Luanda, do dia 25 de Janeiro de 1965, destacava numa das suas páginas interiores, este facto com alguma relevância.“Maria Regina Peyroteo Gomes, assumiu as funções de orientadora e treinadora da equipa feminina de basquetebol do Sport Lubango e Benfica. Tendo contraído uma lesão no joelho da perna direita, a ex-atleta há muito ficou afastada das quadras, voltando agora noutras vestes, iniciando assim uma nova fase na sua carreira desportiva”, lia-se no jornal, referindo-se ainda que “a melhor basquetebolista portuguesa (no caso da província ultramarina de Angola) tem qualidades para dirigir tecnicamente a equipa e ajudar a conquistar outros tantos títulos”.

Palmarés de dar inveja aos adversário conquistas na modalidade

1956 - Vencedor da Taça de Honra;1956, 1959, 1960 – Campeã Distrital;1961 – Campeã da Província de Angola; Campeã Nacional de Portugal; vencedor do torneio internacional da Beira; vencedor do torneiro internacional em Lourenço Marques; vencedor da Taça Coronel Nascimento Vieira;1962 e 63 – Campeã Distrital, Provincial e Tri-campeã Nacional de Portugal;1963 – Vice-campeã europeia de basquetebol feminino.2003/04- Vice-campeã nacional de basquetebol feminino de cadetes;2004/05 – Campeã nacional de basquetebol feminino de cadetes;2005/06 - Bi-campeã nacional de basquetebol em cadetes femininos;2006/07 – Campeã nacional de basquetebol feminino em juniores;2006/07 – 3º lugar em cadetes femininos de basquetebol.

Galeria recheada de troféus antigos e novos

Armando Dala Vunda, o chefe do sector social do Benfica do Lubango, que nos forneceu todo estes dados, segredou-nos ainda que, na galeria do clube “encarnado”da Serra da Chela figura o primeiro troféu que terá entrado em Angola e isso, pelas mãos da meninas do basquetebol do seu clube.Demonstrando conhecimentos profundos sobre a história do basquetebol do Benfica do Lubango, Armando Dala Vunda levou-nos a visitar as dependências da agremiação. Na galeria, existem centenas de troféus das mais variadas modalidades que o grémio sempre movimentou. Dos mais antigos aos mais recentes. Mas, foram os conquistados pelo basquetebol que nos chamaram mais a atenção. Um autentico manancial. Uma relíquia que, segundo Dala Vunda “engrandece a história do nosso clube e nos dá um imenso orgulho”.Paciente, Armando Vunda explicou tudo “tin-por-tin” provando com recortes de jornais da época que retratavam com persistência os feitos da modalidade de basquetebol do clube que joga de águia ao peito.

Cadetes femininas seguem pegada histórica

A actual equipa de cadetes femininas de basquetebol do Benfica do Lubango procura seguir as pegadas seculares. Não é em vão que até são bi - campeãs nacionais. Esses títulos, segundo Armando Dala Vunda, reflectem bem a aposta que o clube encarnado da Serra da Chela sempre deu à “modalidade de bola ao cesto”. Embora os tempos sejam diferentes, a mentalidade hoje, cerca de meio século depois, continua a mesma. O Benfica do Lubango continua firme e apostado a expandir o perfume do seu basquetebol por Angola adentro. A actual equipa de cadetes femininos dá cartas. É bem capitaneada por Surídia N’tyamba, de apenas 17 anos de idade.“Não é em vão que esta equipa triunfa. A tradição vem de há muito tempo”, disse-nos convicto Dala Vunda.

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