Africa Basquetebol

19 dezembro 2006

MOÇAMBIQUE : Nacional Feminino - Luta desigual entre actrizes e figurantes

É como nas novelas. Existem as actrizes principais. Aquelas sobre quem todo o enredo se desenrola em seu torno. Normalmente chamam a atenção pelo papel que desempenham e pelo charme que vão distribuindo em cada capítulo. Mas existem também as figurantes. As que assumem papéis de menoridade e só aparecem para complementar determinadas cenas.


Esta é, pois, a analogia que podemos traçar em relação àquilo que está a acontecer no Campeonato Nacional de Basquetebol de Seniores Femininos, a decorrer no Pavilhão dos "tricolores".

Há o grupo da capital do país, constituído pelo Ferroviário, ISPU, Desportivo e Maxaquene, subdividido pelos dois primeiros, principais candidatos ao título, e os "outsiders", sem qualquer aspiração visível e a coleccionar derrotas.

Ontem à noite, as "universitárias" bateram o Ferroviário da Beira por 74-38, enquanto as "alvi-negras" não ofereceram quaisquer chances às frágeis "locomotivas" nampulenses: 143-12. Hoje, o destaque vai para o embate Maxaquene-Ferroviário de Maputo (20.00 horas), antecedido do Francisco Manyanga-Quelimanenses, às 18.00.O Desportivo, com algumas jogadoras ainda fresquinhas do ponto de vista competitivo, depois de terem tomado parte no "Africano" de Sub-20, aproveitou a debilidade das nortenhas para construir um resultado histórico nesta prova: 131 pontos de diferença, com Sílvia Neves, que no evento continental passou a maior parte dos jogos no banco, a fazer 32 pontos, a conhecidíssima Anabela Cossa 30 e Cátia Halar 27.

Facto curioso e arreliador para um campeonato desta índole, é que o Ferroviário, nos quatro períodos, nunca chegou sequer aos oito pontos, senão vejamos: 2-2-6-2 contra a regularidade "alvi-negra", que se situou em 32-37-37-37, números indiscutíveis perante tamanha diferença entre os contendores.

ERROS EVITÁVEIS

Apesar de o Ferroviário da Beira se situar acima do nível modesto das formações forasteiras, tendo como cabeça de cartaz a internacional Odélia Mafanela - infelizmente, lesionada - o ISPU, que na estreia havia chegado à centena, também quis aproveitar este ensejo para o técnico Armando Meque efectuar uma nova observação à capacidade de desempenho das suas atletas.

É verdade que a supremacia das "universitárias" em nenhum momento esteve em causa, porém, importa referir alguma intranquilidade em certos momentos, situação que, inclusive, levou o "mister" à beira de um ataque de nervos, sobretudo porque alguns erros eram realmente de uma ingenuidade atroz.

Mas, no global - porque também a diferença competitiva por vezes não permite uma apreciação exacta sobre o desempenho dos artistas -, o ISPU não só cumpriu a sua obrigação de ganhar como ainda desfrutou de uma oportunidade para ir oferecendo descanso às notáveis, na perspectiva de evitar o seu desgaste em jogos supérfluos.Um tanto ou quanto ríspida no início em relação às beirenses, a arbitragem, no entanto, acabou entrando nos eixos e tudo decorrer dentro da normalidade.

FICHA DO JOGO Árbitros: Domingos Lino, Guilherme Júnior e Mário Getimane.

FER. BEIRA (38) – Saquina Taímo (11), Tânia Portrate (4), Didian Suela (2), Ivênia Nhamue (3), Olinda Nhantunga (2), Amélia Senguaio (0), Mirza Colaço (2), Célia Gololombe (0), Clarice Camacho (2), Sara Filimone (0), Odélia Mafanela (4) e Luisa Viegas (8). Treinador: Rui Alfredo.

ISPU (74) – Marta Ganje (3), Eduarda Chongo (7), Tânia Wachene (10), Ana Branquinho (13), Vaneza Júnior (10), Amélia Macamo (7), Mabjaia (4), Aleia Rachide (5), Cecília Henrique (0), Nádia do Rosário (2), Iracema Ndauane (11) e Simão (2).

Treinador: Armando Meque.